quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Se fosse um tempo infinito, que tédio seria !
Daria razão a Woody Allen:
"A eternidade demora a beça, principalmente
no fim...."
É que não teria fim, nunca acabaríamos
de esperar, e não teríamos nenhuma razão
de começar o que quer que seja.
Seria como um domingo infinito.
Existe imagem melhor do inferno?
Mas a eternidade, no sentido em que a
maioria dos filósofos a tomam,
é outra coisa.
Não é um tempo infinito (porque, nesse caso,
ele seria apenas composto de passado e
futuro, que não são), nem a ausência
de tempo (porque nesse caso não seria nada):
é um presente que permanece presente,
como um "perpétuo" hoje,
dizia santo Agostinho, o que é o próprio
presente.
Quem já viveu um só ontem,
um só amanhã ?
Quem já viu o presente cessar ou
desaparecer ?
É hoje sempre, é sempre agora:
é sempre a eternidade, e é por isso
que ela é, de fato, eterna.

ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (1952-       )
Filósofo materialista francês

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