terça-feira, 13 de maio de 2014

CANALHA


"Canalha - o nome corriqueiro do malvado,
ou antes, do mau.
Não faz o mal pelo mau, mas por interesse,
por covardia ou por prazer,
em outras palavras, por egoísmo:
faz mal aos outros para seu próprio bem.
O canalha seria então o egoísta ?
Não só, porque nesse caso todos seríamos.
É o egoísta sem freio, sem escrúpulos,
sem doçura, sem compaixão.
A vulgaridade da palavra traduz a baixeza
da coisa, e se justifica por ela.
Em Sartre, o canalha é o locupleto de ser,
aquele que se leva a sério,
aquele que se dá crédito,
aquele que esquece sua contingência,
sua própria responsabilidade,
seu próprio nada, 
aquele que finge não ser livre
(é o que Sartre chama de má fé),
enfim que faz o mal,
quando acha de seu interesse,
estando persuadido de sua inocência ou,
se às vezes se sente culpado,
de inúmeras circunstâncias atenuantes,
que o desculpam.
Essas duas definições se encontram.
O que é um canalha ?
É um egoísta que tem 
a sua consciência tranquila.
Por isso está persuadido que o 
canalha é o outro.
Ele se autoriza o pior,
em nome do melhor ou de si - 
tanto mais canalha por se crer
justificado de sê-lo,
e por pensar portanto que não é.
Como ele se importa qualquer 
tipo de freio ?
Por que deveria se arrepender ?
Canalhice: egoísmo de consciência
tranquila e de fé."

TODESCA
À la André Comte-Spanville

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